segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pesquisas 2011 basalto agrícola.



UTILIZAÇÃO DO PÓ-DE-BASALTO NA AGRICULTURA

www.aptaregional.sp.gov.br/.../60.EduardoSuguino_PoBasalto.pdf
Eduardo Suguino
Eng. Agr, Dr., PqC do Pólo Centro Leste/APTA
esuguino@apta.sp.gov.br
Dra. Analu Egydio Jacomini
Professora do Centro Universitário UNISEB-COC
aejacomini@gmail.com
Dra. Ana Paula Lazarini
Professora do Centro Universitário UNISEB-COC
aplazarini@gmail.com
Adriana Novais Martins
Eng. Agr, Dra., PqC do Pólo Centro Oeste/APTA
adrianamartins@apta.sp.gov.br
Ana Maria de Faria
Eng. Agr, Mestre, PqC do Pólo Centro Leste/APTA
amfaria@apta.sp.gov.br
Marcos José Perdoná
Eng. Agr., PqC do Pólo Centro Leste/APTA
marcosperdona@apta.sp.gov.br


Todo país do mundo por menor que seja, e independente da classificação do ponto
de vista do social ou mesmo seu “status” internacional, produz diariamente, milhões
de toneladas de resíduos de qualquer espécie. Este fato por si já justificaria a
obrigatoriedade da criação de um mecanismo que gerasse consciência na população,
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vinculando o desenvolvimento com novas tecnologias, que possam inverter este
quadro (NASCIMENTO & MOTHÉ, 2007).


A utilização de resíduos na agricultura gera alguns benefícios, sendo o principal deles
a reciclagem de nutrientes. No entanto, dependendo do tipo de resíduo utilizado, da
origem (animal, vegetal, urbana ou industrial), da quantidade a ser utilizada, e do
cultivo que irá receber o material, pode ocorrer interferência direta no tipo de
impacto que isso irá causar tanto no solo quanto ao meio-ambiente (ABISOLO,
2009).


Esta utilização, no entanto, pode causar um efeito contrário ao imaginado, pois com
o objetivo de diminuir os custos de obtenção de matérias-primas, algumas empresas
de fertilizantes passaram a utilizar resíduos industriais, incluindo os considerados
tóxicos, visando à obtenção de nutrientes necessários às plantas como o zinco e o
manganês, sem a menor preocupação com os elementos químicos tóxicos existentes
nestes resíduos, que não estão envolvidos diretamente nos processos metabólico das
plantas, como o arsênio, o chumbo, o cádmio, o mercúrio, o cromo e alguns
organoclorados (SANTOS, s/d).


O uso do pó de basalto na agricultura traz muitos questionamentos acerca das
características do solo após períodos de um a dois anos de aplicação deste resíduo
(KNAPIK e ANGELO, 2007).


A granulometria fina do pó de basalto pode provocar um efeito cimentante, o que
para KÄMPF (2000), implica no fechamento dos poros, causando uma maior
compactação, influenciando também na densidade, e, consequentemente, a redução
no desenvolvimento das raízes de plantas.


Na Figura 1, (acima) é possível ver a granulometria diversa do pó de basalto, com as
partículas finas que estavam na parte inferior do recipiente, aparecendo na superfície
dos grânulos de maior tamanho.


Segundo NOLASCO et al. (2000) a quantidade de metais pesados pode aumentar
com a utilização deste tipo de resíduo. Uma alternativa é a utilização de pó de
basalto como substrato para preparação de mudas, o que reduziria o volume deste
material evitando um comprometimento de grandes extensões de terra agricultável.
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Figura 1. Granulometria diversa do pó-de-basalto.
Recente pesquisa com pó de basalto envolveu a produção de uma espécie arbórea, o
pessegueiro-bravo (Prunus sellowii Koehne), indicando que mudas produzidas no
substrato com pó de basalto acumularam mais Ca, Mg, B, Cu e Fe nas folhas
(KNAPIK e ANGELO, 2007), o que pode ser um resultado promissor para o controle
de algumas pragas.


Para melhor avaliação das possibilidades e potenciais usos do pó de basalto como
aditivo na adubação, os laboratórios do curso de Engenharia Ambiental, Centro
Universitário UniSEB-COC, vem realizando alguns testes preliminares com amostras
de pó de basalto provenientes de pedreiras da cidade de Ribeirão Preto e Descalvado
(SP).


Foram realizados alguns testes de pH, parâmetro que traduz a acidez do solo e
reflete diretamente na fertilidade do mesmo. Para que certo tipo de solo seja
qualificado como agricultável com relação à acidez, deve ter níveis de pH entre 5,0 e
6,5, embora cada cultura tenha uma exigência diferente de pH.
Nestes testes iniciais foram utilizadas duas amostras de solo, uma de Ribeirão Preto,
SP e outra de Passos, MG. O solo de Ribeirão Preto é classificado como latossolo roxo
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- solo argiloso e bastante fértil derivado da decomposição de uma rocha vulcânica
básica chamada de basalto, característica da região. Já a amostra coletada em solo
mineiro é mais arenosa, oriunda, provavelmente, da alteração de quartzitos, rochas
metamórficas comuns na região de Passos-MG.


De acordo com estes levantamentos preliminares, pode-se observar que ambos os
solos originalmente possuem características ácidas, com médias de 5,79 para o solo
de Ribeirão Preto, SP e de 5,88 para o solo de Passos, MG (Tabela 1).


Verificou-se também, que ambos os pós de basalto, apesar de serem da mesma
rocha matriz, apresentam pH bastante diferentes, com média de 5,6 para o de
Descalvado, SP e de 8,31 para o de Ribeirão Preto, SP, que pode ser explicado pelas
peculiaridades ambientais de cada região.


Tabela 1. Média dos valores de pH de solo, de pó de basalto e de solo + pó de
basalto.
Amostra pH
Ribeirão Preto-SP 5,79
Solo
Passos-MG 5,88
Descalvado-SP 5,60
Pó de Basalto
Ribeirão Preto-SP 8,31
Solo Ribeirão Preto +Pó de Basalto de Descalvado-SP 6,12
Solo Ribeirão Preto + Pó de Basalto de Ribeirão Preto-SP 6,48
Solo de Passos + Pó de Basalto de Descalvado-SP 6,56
Solo + Pó de
Basalto
Solo de Passos + Pó de Basalto de Ribeirão Preto-SP 6,72


As interações entre o pó de basalto e o solo das duas regiões deixam a clara
impressão das potencialidades corretivas que podem possuir, devido ao aumento do
pH de ambos os solos com ambos os pós de basalto.
É interessante verificar que mesmo com resultados dos níveis de pH mais baixos, o
pó de basalto de Descalvado obteve razoável sucesso neste experimento, o que
indica alguma outra interação com elementos do solo, ainda não estudada.
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Ainda assim nota-se que o pó de basalto de Ribeirão Preto misturado a ambos os
solos obteve melhor desempenho, aumentando mais os níveis de pH, com uma
diferença de eficiência em relação ao de Descalvado de 5,61% para o solo de
Ribeirão Preto e de 2,4% em relação ao solo de Passos, MG.


Neste sentido, podemos verificar o potencial de pesquisa e utilização deste rejeito de
mineração de basalto como uma alternativa para a agricultura. Outras pesquisas
estão em andamento no sentido de verificar mudanças na microbiota do solo
acrescido com pó de basalto, e o acúmulo deste rejeito no solo, no caso da não
absorção do mesmo pela planta.


Referências
ABISOLO. Impactos positivos do uso de resíduos na agricultura são
variáveis. Rural Centro, Campo Grande – MS, 24 abr. 2009. Disponível em:
http://www.ruralcentro.com.br/noticias/11171/impactos-positivos-do-uso-deresiduos-
na-agricultura-sao-variaveis. Acesso em: 06 abr. 2011.
KAMPF, A. N. Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba:
Agropecuária, 2000, 254p.
KNAPIK, J.C.; ANGELO, A.C. Pó de basalto e esterco eqüino na produção de mudas
de Prunus sellowii Koehne (Rosaceae). Revista Floresta, v. 37, n. 3, p. 427-436,
2007.
NASCIMENTO, T.C.F. do; MOTHÉ, C.G. Gerenciamento de resíduos sólidos
industriais. Revista Analytica, v.27, n.1, p. 36-48, 2007.
NOLASCO, A. M.; GUERRINI, I. A.; BENEDETTI, V. Uso de resíduos urbanos e
industriais como fontes de nutrientes e condicionadores do solo em plantios
florestais. In: GONÇALVES, J. L. M; BENEDETTI, V. Nutrição e fertilização
florestal. Piracicaba: IPEF, 2000. p. 385-414.
SANTOS, E.L. Uso de resíduos industriais perigosos na agricultura. Biblioteca
Virtual em Saúde - Ministério da Saúde, Brasília – DF, s/d. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/textos_residuos_industriais.pdf.
Acesso em: 06 abr. 2011.